Microplástico presente em ultraprocessados pode se acumular no cérebro

De tão pequenas, é impossível vê-las sem a ajuda de um microscópio. Mas elas existem e estão por todo lado. Partículas de plástico, os chamados microplásticos, contaminam o solo, a água, o ar e já foram encontradas no corpo de animais e de seres humanos. Um problema que vem chamando a atenção de cientistas pelo mundo, como explica o neurologista Marco Py.

“Observa-se, em vários estudos, um acúmulo grande nos oceanos. Os peixes, que também comem os microplásticos, acabam sendo consumidos pelo ser humano que, secundariamente, tá ingerido também essas substâncias”.  

Um estudo recente, publicado na revista Brain Medicine, mostra que microplásticos, muitas vezes presentes também em alimentos ultraprocessados, podem se acumular no cérebro humano. Segundo o neurologista, pesquisas indicam que pessoas que consomem esses alimentos tenham um risco 22% maior de depressão, por exemplo.

“Isso acumula no corpo humano, afetando vários sistemas. O gastrointestinal parece o mais óbvio, mas também o sistema nervoso central. E isso vem se mostrando relacionado, mais recentemente, a transtornos mentais, como insônia, ansiedade, depressão e, possivelmente, como alguns indicadores mais recentes, até na cognição a longo prazo”.

Por isso, ressalta o especialista, é importante manter uma alimentação saudável.

“Evitar o excesso de consumo de alimentos ultraprocessados. Procurar uma alimentação mais saudável, com alimentos naturais e reduzir os ultraprocessados que, a gente já sabe, que aumentam o risco de algumas neoplasias e, provavelmente, alterações no sistema nervoso. Esse consumo vem aumentando e a gente recomenda que seja reduzido, pra evitar o acúmulo dessas substâncias no corpo humano”.   

Ainda de acordo com o neurologista, ultraprocessados, como salsicha e biscoitos recheados, representam mais de 50% da ingestão calórica em países como os Estados Unidos. No Brasil, em torno de 20% de ingesta calórica vem de alimentos ultraprocessados. Entre os adolescentes, este percentual chega a 27% e vem aumentando a cada ano.